O presente trabalho pretende tratar do enquadramento do cuidado na ordem social capitalista, analisando como o trabalho reprodutivo é essencial para a manutenção da sociedade e da economia, apesar de permanecer invisibilizado e desvalorizado. A separação institucional entre produção e reprodução social no capitalismo delega esse trabalho majoritariamente às mulheres, sem reconhecimento econômico, refletindo desigualdades de gênero, classe e raça. O cuidado pode assumir diferentes formas – obrigação, ajuda e profissão –, todas sustentando a reprodução da força de trabalho e, consequentemente, a acumulação de capital. No entanto, seus custos não são computados na economia formal, tampouco recebem compensação adequada. Nancy Fraser descreve essa dinâmica como a “contradição reprodutiva do capitalismo”, pois o sistema depende do trabalho reprodutivo, mas o exaure, colocando em risco suas próprias bases. Essa contradição gera crises sociais, políticas e econômicas, ao mesmo tempo em que transfere para os lares e comunidades a responsabilidade que deveria ser compartilhada pelo Estado e pelo mercado. Ao discutir a economia do cuidado e a forma como ele é organizado e explorado, este estudo busca evidenciar as desigualdades estruturais desse sistema e suas implicações para a reprodução social.
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